sábado, 26 de fevereiro de 2011

DEUS PURO, APOLO MUSAGETA*

Deus puro, Apolo Musageta,
Deus sem espinhos e sem cruz,
ofereço-te a plenitude secreta
Em que bebi e vivi a tua luz.

Ofereço-te a minha alma transbordante
De mil exaltações,
Purificada em mil confissões
Da sua longa tristeza delirante.

Ofereço-te as horas deste dia completas
No teu sol tocando as coisas materiais,
Ofereço-te as nostalgias secretas
Que se perderam em gestos irreais.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia de Mar, p. 40.


*Que este poema abra o início da nova aventura do Thíasos na blogosfera. Com este exemplo da temática antiga na obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen, invoco os nossos recitais de poesia, enquanto momentos de aprendizagem e partilha que tantos serões animaram na nossa cidade de Coimbra.
Este poema foi lido no dia 14 de Dezembro de 2004, na Livraria Minerva, no recital O Sol e a Lua na poesia, dinamizado pelo Sr. Doutor Ribeiro Ferreira, com leitura de poemas por mim e pelo Carlos.