No dia 5 de Maio de 2012, o Thíasos apresentou, mais uma vez, o seu recital O Vinho é o Espelho da Alma. A convite do Sr. Professor Doutor José Ribeiro Ferreira, o Thíasos animou a manhã de uma reunião de curso, organizada no Museu do Vinho, em Anadia.
Desta vez, as intérpretes foram Amélia Álvaro de Campos, Daniela Pereira e Carina Fernandes.
Embora este post venha atrasado, deixo aqui algumas das imagens e alguns poemas* desse dia.
Desta vez, as intérpretes foram Amélia Álvaro de Campos, Daniela Pereira e Carina Fernandes.
Embora este post venha atrasado, deixo aqui algumas das imagens e alguns poemas* desse dia.
Tu, Musa, afasta os cantos de guerra e comigo
celebra as núpcias dos deuses, os banquetes dos heróis
e as festas dos bem-aventurados.
Estesícoro
Fr. 210 Page = 210 Campbell
celebra as núpcias dos deuses, os banquetes dos heróis
e as festas dos bem-aventurados.
Estesícoro
Fr. 210 Page = 210 Campbell
Hino a Diónisos
Diónisos, filho de Sémele de muita glória,
recordo: como apareceu na margem do mar marulhante,
sobre a escarpa de promontório, qual efebo no alvor
da adolescência. Ondeavam-lhe os belos cabelos
negros e sobre os ombros robustos tinha um manto
purpúreo.
E logo homens, em sólida nau,
piratas, apareceram céleres no mar cor de vinho:
Tirrenos que a funesta fortuna ali trazia. Ao verem-no,
trocam sinais, rápidos saltam em terra, logo o amarram
e o levam para a nau deles, o coração a rejubilar.
Pareceu-lhes que fosse filho de reis vindos de Zeus
e, com laços indissolúveis, pretendiam amarrá-lo,
não o prendiam as correias, e os baraços desligavam-se
das mãos e dos pés. Ele sorria e continuava sentado
os olhos negros. O timoneiro compreendeu
e de imediato exortava os companheiros e lhes diz:
Diónisos, filho de Sémele de muita glória,
recordo: como apareceu na margem do mar marulhante,
sobre a escarpa de promontório, qual efebo no alvor
da adolescência. Ondeavam-lhe os belos cabelos
negros e sobre os ombros robustos tinha um manto
purpúreo.
E logo homens, em sólida nau,
piratas, apareceram céleres no mar cor de vinho:
Tirrenos que a funesta fortuna ali trazia. Ao verem-no,
trocam sinais, rápidos saltam em terra, logo o amarram
e o levam para a nau deles, o coração a rejubilar.
Pareceu-lhes que fosse filho de reis vindos de Zeus
e, com laços indissolúveis, pretendiam amarrá-lo,
não o prendiam as correias, e os baraços desligavam-se
das mãos e dos pés. Ele sorria e continuava sentado
os olhos negros. O timoneiro compreendeu
e de imediato exortava os companheiros e lhes diz:
«Amigos, que deus agarrastes e tentais amarrar,
tão poderoso? Nem a sólida nau o consegue levar.
É com certeza Zeus, ou Apolo de arco de prata,
ou Póseidon. Não se assemelha a homens mortais
mas aos deuses que habitam as moradas do Olimpo.
Vá, coloquemo-lo em liberdade na terra negra
sem demora e não lhe ponhais as mãos, para que irado,
não desperte ventos penosos e violenta tempestade.»
Assim falou. E o comandante mofou com fala escarninha:
«Divindade, vigia o vento e comigo iça a vela da nau,
manobrando todas as cordas. É isto que interessa aos homens.
Espero que alcance o seu termo no Egipto, ou em Chipre,
ou entre os Hiperbóreos, ou mais longe. E por fim
em troca revelará aos seus amigos, todas as riquezas
e os seus parentes, pois no-lo enviou uma divindade.»
E tendo assim falado, içou o mastro e a vela da nau.
O vento inchou o meio da vela e de um e outro lado os cabos
retesavam. Mas em breve aconteceram factos espantosos.
Em primeiro lugar, pela negra nau veloz corre vinho,
doce quando se bebe, perfumado e que exalava aroma
celestial. O assombro tomou todos os nautas, quando tal viram.
E logo, ao longo do bordo mais alto da vela, estendem-se
ramos de videira, daqui e dali, e pendem inúmeros
cachos. Em volta do mastro, negra, coleava uma hera,
a proliferar flores, e nela cresciam os gratos frutos.
Todos os escalmos tinham grinaldas. Eles então, ao verem
tal coisa, ordenaram ao timoneiro que, de pronto, a nau
dirigisse a terra.
Mas o deus, ante eles, no barco, muda em leão,
terrível em extremo, e rugia medonhamente. No meio do barco
criou uma ursa de espessas crinas, continuando os prodígios.
A ursa prestes a atacar e o leão, no extremo da ponte, tinha
terrível olhar de ameaça. E os nautas, assustados, fugiram
para a proa e à roda do timoneiro, que tinha espírito sensato,
se acolheram, atónitos. O leão, porém, salta de improviso
e fila o capitão; e os outros, para a escapar à sorte funesta, fora
se lançam, quando tal viram, todos à uma para o mar divino
e transformam-se em golfinhos. O deus compadecido do piloto,
sustém-no, concede-lhe vida próspera e dirige-lhe esta fala:
«Tem coragem, nobre ancião, que és grato ao meu coração
Eu sou Diónisos, de fundos bramidos, que tem por mãe
a filha de Cadmo, Sémele que a Zeus em amor se uniu.»
Salve, filho de Sémele de formosos olhos! Não é possível
nunca, a quem de ti se olvida, compor um doce canto.
Hinos Homéricos VII
O vinho do Taigeto
Por coisas te louvo, vinho, por coisas te censuro. Não
consigo nunca odiar-te nem amar-te de todo.
És uma coisa boa e má. Quem é capaz de te censurar,
quem de te exalar, se tiver a medida da sabedoria?
Mantém-te jovem meu coração. Em breve virão outros
homens, e eu então, já morto serei terra negra.
Bebe o vinho, que para mim nos cumes do Taigeto
as vinhas produziram. (…)
Ao bebê-lo, dissipas as penosas preocupações:
Embriagado, ficarás muito mais bem disposto.
Teógnis de Mégara, vv. 873-884
*- poemas retirados de Espelho da Alma. O vinho na poesia grega, antologia organizada e traduzida por José Ribeiro Ferreira. Anadia: Museu do Vinho, 2006.