sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Thíasos e a magia do teatro clássico (Newsletter da UC - Dezembro 2011)
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Poemas de Natal (3)
Ditosa strella, que os três Reys guiaste
da praia oriental tam fielmente,
que o grãde Rey dos Reys omnipotente
um raio só de quantos derramaste
guie minh' alma já direitamente
ao mesmo bom Jesus que juntamente
alli também com eles adoraste;
onde posto nos braços de Maria,
alli fé, esperança e caridade
Lh' oferecerão ouro, mirra, encenso.
d' Herodes conhecendo a falsidade,
me torne a recolher por outra via.
Diogo Bernardes (1532-1605)
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Poemas de Natal (2)
Giotto - Madonna di ognissanti (c. 1310).
Eu nasci, raiou o Dia.
Sentiu meu pai que era Santo,
Minha mãe, Virgem-Maria
As palhinhas de Belém
Me serviram de mantéu;
Mas minha mãe, por ser Mãe,
É a Rainha do Céu.
Nem há graça embaladora,
Como a de mãe, quando cria;
É como Nossa Senhora,
Mãe de Deus, Ave-Maria!
Está no Céu o menino,
Quando sua mãe o embala.
Ouve-se o coro divino
Dos anjos, a acompanhá-la.
Como num altar de ermida,
Ando no teu coração;
Para ti sou mais que a vida
E trago o mundo na mão.
Não sei de pais, em verdade,
Mais pobrezinhos que os meus;
Mas o amor dá divindade,
E eu sou o filho de Deus!
Jaime Cortesão, 1960.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Poemas de Natal (1)
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
domingo, 4 de dezembro de 2011
«A Sogra» no ItunesU
Com a última actualização da página do Thíasos no ItunesU, fica disponível a gravação da peça A Sogra de Terêncio, produção levada a cabo no passado ano lectivo de 2010/2011.
Amor de Sogra
Ora o mistério adensa-se quando ela permanece em casa dos pais depois do regresso do marido.
Que terá acontecido?!
Não consta, contudo, no anedotário popular, que a sogra, sem perceber o motivo da “zanga”, queira sair de cena, para que o filhinho e a esposa encontrem a harmonia conjugal. A abnegação da sogra, Sóstrata, que prefere retirar-se para o campo; a afeição do marido, Laques, que decide ir com ela; a dedicação de filho, Pânfilo, que opta pela mãe em detrimento da amada; a generosidade da cortesã Báquis, que consente em humilhar-se em prol da felicidade conjugal do amante configuram situações tão inusitadas, que até dão vontade de rir! Grande deve ser a novidade, para motivar tais decisões e despertar o que há de melhor na natureza humana.... Nem sempre a comédia faz os homens piores do que eles são...
A verdade está no anel.
elenco:
Amélia Álvaro de Campos (Laques)
Ana Seiça Carvalho (Báquis)
Cristina Gonçalves (Sira e Mírrina)
Daniela Pereira (Filótis, Sósia e Ama)
Elise Cardoso (violino e escravo)
José Luís Brandão (Fidipo)
Nelson Henrique (Parmenão)
Stephanie Barreiros (Pânfilo)
Tânia Mendes (Sóstrata)
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
actualizações (Itunes)
aqui - http://itunes.apple.com/us/podcast/id413583271?i=97307594 - podem encontrar a gravação da peça:
“É aquilo que aparentemente falta a Fedra – a castidade – que destrói Hipólito.
Como ele próprio diz da madrasta morta, “foi casta sem que nela houvesse
castidade; e eu, que a tenho, não obtive dela o melhor proveito” (vv. 1034-1035).
FICHA TÉCNICA
Frederico Lourenço (tradução)
Carlos Jesus (encenação, cenografia e selecção musical)
Claudio Castro Filho (direcção de actores)
Leonor Barata (apoio ao movimento: protocolo com “O Teatrão”)
Chayanna Ferreira (desenho de luzes)
Rosário Moura, Dila Pato (guarda-roupa)
Cláudia Cravo, Marta Gama (sonoplastia)
Vitor Teixeira (maquilhagem)
Margarida Teodoro, Cláudia Morais
e Virgílio Raposo (imagem publicitária)
Beiracarp (execução do cenário)
Corpo Organizado (educação postural)
Elenco
Ricardo Mocito (Hipólito)
Ângela Leão (Fedra)
Carlos Jesus (Teseu)
Andrea Seiça (Ama)
Margarida Cardoso (Afrodite, Ártemis)
José Luís Brandão, Ricardo Acácio (Mensageiro, Servo)
Lia Nunes (Corifeu)
Ana Seiça Carvalho (Coro)
Tânia Cardoso (Coro)
Elisabete Cação (Coro)
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Aulularia en Mar del Plata, Argentina
Fotografia de Ana Seiça Carvalho |
No âmbito do congresso CLASTEA, em Mar del Plata, Argentina (http://www.mdp.edu.ar/clastea/), tivémos a oportunidade de assistir à estreia de La Ollita (Aulularia), de Plauto, pelo grupo Nova Scaena. A trabalhar desde 1994, o grupo é constituído por professores universitários e por actores profissionais, que procuram desenvolver o projecto Pervivencia de los Modelos Clásicos en America Latina: teatro y cine.
O grupo apresentou a peça no anfiteatro Aula Magna Maria del Carmen Maggi, no Complejo Universitario Manuel Belgrano, na passada 6a feira, dia 26 de Agosto de 2011 e, podemos dizê-lo, foi um sucesso à Plauto.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
actualizações
Em - http://itunes.apple.com/pt/podcast/id413583271?i=96341434 - pode encontrar a gravação da última representação de Fulaninho de Cartago, apresentada no Teatro Paulo Quintela (FLUC).
Lê-se no argumento da peça: «Um catraio de sete anos, foi raptado de Cartago. Um velho misógino, depois de o comprar, adopta-o e torna-o seu herdeiro. Foram depois raptadas duas primas dele juntamente com a ama. Lico compra-as e tortura o jovem enamorado. Mas este trata de meter o seu caseiro em casa do proxeneta com uma quantia em ouro e, assim, o implica num roubo. Chega o cartaginês Hánon que descobre que o jovem é o filho do primo e reconhece as filhas que havia perdido». Estão, pois, presentes os problemas, actuais, do lenocínio, da escravatura de pessoas raptadas, da pirataria, que, então, assolava o Mediterrâneo. Pontificam os valores da dedicação (pietas) familiar, da fidelidade aos laços de sangue, à pátria e aos deveres de hospitalidade, que se mantinham firmes de geração em geração.
Ficha técnica:
tradução e encenação: José Luís Brandão
elenco:
Amélia Álvaro de Campos (Milfião)
Ana Seiça Carvalho (Gidénis)
André Aleixo (testemunha)
Carla Braz (escrava e testemunha)
Carla Cerqueira (testemunha)
Carla Rosa (Anterástilis)
Carlos Jesus (Lico)
Cristina Gonçalves (escrava e testemunha)
Daniela Pereira (Colibisco)
Delfim Leão (Antaménides)
Elise Cardoso (Adelfásio)
José Carlos Pereira (testemunha)
José Luís Brandão (Hanão)
Miguel Sena (Sincerasto)
Nelson Henrique (Agorástocles).
som: Cláudia Cravo e Marta Gama
luz: Chayanna Ferreira
caracterização: Vítor Teixeira
cenário: Beiracarp e elenco da peça
figurinos: Carla Braz, Carlos Jesus, Dila Pato e José Luís Brandão
selecção musical: Carlos Jesus e José Luís Brandão.
Ensaio Sobre a Cicuta - Trailer #2.6 from Origem da Comédia on Vimeo.
Informaçoes técnicas: Encenação e Produção: João Diogo Loureiro & Miguel Monteiro | Com: João Diogo Loureiro, Margarida Cardoso, Marta Bizarro, Miguel Monteiro, Ricardo Acácio, Sophia Carvalho | Direcção de Actores aka FMI: Carlos de Jesus | Figurinos: Beatriz Silva | Design: Maria Miguel Rosmaninho (behance.net/emerosmaninho) | Música original: Laonikos Psimikakis (laonikos.com) | Luminoplastia: Chayanna Ferreira | Som: Ana Seiça Carvalho | Backstage: Elisabete Cação | Video: Rodolfo Lopes | Com o apoio de: APEC, CECH, CUMN, IEC, FLUC, TEUC
sexta-feira, 22 de julho de 2011
lavar roupa suja...
sábado, 16 de julho de 2011
até breve
quinta-feira, 14 de julho de 2011
quinta-feira, 30 de junho de 2011
XIII Festival de Teatro de Tema Clássico (espectáculos de Verão)
2 de Julho de 2011, Sábado, 21h30, Águeda, Museu Dionísio Pinheiro
Grupo Thíasos do IEC, Hipólito de Eurípides.
Sessão “Sob o signo de Prometeu”.
Grupo Rastilho (Lisboa), Nória e Prometeu: palavras do fogo de Armando Nascimento Rosa.
8 de Julho de 2011, 6ª feira, 21h30, Teatro-Estúdio Bonifrates, Coimbra
Grupo Thíasos do IEC, Hipólito de Eurípides.
9 de Julho de 2011, Sábado, 21h30, Braga, Museu D. Diogo de Sousa
Origem da Comédia, Secção Juvenil da APEC, Ensaio sobre a Cicuta.
10 de Julho de 2011, Domingo, 21h30, Braga, Museu D. Diogo de Sousa
Grupo Thíasos do IEC, Hipólito de Eurípides.
12 de Julho de 2011, 3a feira, 21h30, Ruínas Romanas de Conímbriga
Grupo Thíasos do IEC, Hipólito de Eurípides.
15 de Julho de 2011, 6afeira, Coimbra, Bonifrates
Grupo Thíasos do IEC, A Sogra de Terêncio.
Regressa o Festval de Teatro Clássico, regressa o "Hipólito"
Hipólito e Fedra nunca trocam uma palavra. Tal como Afrodite e Ártemis, no plano divino, se situam em esferas reciprocamente impenetráveis, Fedra e Hipólito, no plano humano, vivem um desencontro predeterminado de que ambos têm plena consciência: a tragédia de Fedra é que a aceitação voluntária dessa consciência (ou compreensão racional) de nada vale contra a loucura involuntária de, contra o mundo e contra si mesma, estar apaixonada pelo enteado. Por sua vez, e bem ao gosto do paralelismo antagónico típico destas primeiras peças conservadas de Eurípides, é aquilo que aparentemente falta a Fedra – a castidade – que destroy Hipólito. Como ele próprio diz da madrasta morta, “foi casta sem que nela houvesse castidade; e eu, que a tenho, não obtive dela o melhor proveito” (vv. 1034-1035). (Frederico Lourenço)
FICHA TÉCNICA
Frederico Lourenço (tradução)
Carlos Jesus (encenação, cenografia e selecção musical)
Claudio Castro Filho (direcção de actores)
Leonor Barata (apoio ao movimento: protocolo com “O Teatrão”)
Chayanna Ferreira (desenho de luzes)
Rosário Moura, Dila Pato (guarda-roupa)
Cláudia Cravo, Marta Gama (sonoplastia)
Vitor Teixeira (maquilhagem)
Margarida Teodoro, Cláudia Morais
e Virgílio Raposo (imagem publicitária)
Beiracarp (execução do cenário)
Corpo Organizado (educação postural)
Elenco
Ricardo Mocito (Hipólito)
Ângela Leão (Fedra)
Carlos Jesus (Teseu)
Andrea Seiça (Ama)
Margarida Cardoso (Afrodite, Ártemis)
José Luís Brandão, Ricardo Acácio (Mensageiro, Servo)
Lia Nunes (Corifeu)
Ana Seiça Carvalho (Coro)
Tânia Cardoso (Coro)
Elisabete Cação (Coro)