terça-feira, 24 de maio de 2011

o LABIRINTO de Gonçalo M. Tavares

Um labirinto tem, pois, a forma espacial de uma religião. Diria que é o desenho de uma religião, de uma crença. No fundo, qualquer minotauro que se ponha por ali só apressa a coisa, e apenas nos segreda que somos mortais. Somos mortais porque há o minotauro que nos mata, portanto não podemos sentar-nos à espera da solução: tens de ser crente mas a passo de corrida, eis o que o labirinto ocupado pelo bicho mau nos diz: reza para descobrires a única saída, mas reza como um corredor de 100 metros, reza enquanto corres à tua velocidade máxima. Se correres muito rápido, não precisarás de palavras santas - a corrida terminará antes do início da prece.

Gonçalo M. Tavares, Matteo perdeu o emprego, p. 187.

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